sábado, 22 de junho de 2013

CREPÚSCULO DO PECADO: PEQUENO TRATADO DAS GRANDES VIRTUDES - APENAS UM BREVE COMENTÁRIO


: PEQUENO TRATADO DAS GRANDES VIRTUDES - APENAS UM BREVE COMENTÁRIO


AS VIRTUDES NECESSÁRIAS PARA SE PENSAR A VIDA (Gustavo Dainezi)
Uma ode às virtudes, que tanto fazem falta no mundo atual, a obraPequeno tratados das grandes virtudes, de Andre Comte Sponville, é uma grande obra de reflexão filosófica e uma leitura belíssima e cheia de profundidade. Um percurso que não abrange nem todas as virtudes, nem totalmente cada uma das que se propõe a analisar. Mas, certamente, é uma experiência que proporciona um amplo engrandecimento pessoal.
São, ao todo, dezoito virtudes virtudes as analisadas. Mas, a primeira delas, a polidez, é considerada como a mais baixa virtude existente. Ou talvez, nem possa ser considerada uma virtude. A polidez, segundo Sponville, é a educação formal do dia a dia. Mas, não é algo agradável e respeitoso, e sim, um falseamento de respeito, uma moral secundária e artificial. Ou então, uma negação da moral.
Outro exemplo a ser destacado é a sua ponderação sobre acoragem. O refinamento de reflexões sobre o fato desta "virtude" ser indesejável. Este capítulo esmiuça a noção de coragem e coloca-a em relação com todas as outras virtudes. Estreitamente ligada à esperança e ao medo, a coragem é uma virtude do presente, uma virtude em ato. E é virtude na medida em que é prudente. É inútil ser corajoso quando a medida da coragem é incompatível com o bem que ela proporcionará. Sendo assim, Sponville tira da coragem seu status de, necessariamente, boa.
O autor vai longe em seus pensamentos. Fala em ordem crescente. O Tratado é também uma hierarquização das virtudes, da menos nobre, menos virtuosa à mais completa de todas. Seguem-se fabulosos textos sobre a justiça, a generosidade, acompaixão, a tolerância, a doçura, a misericórdia, entre outras, até chegar o maior texto do livro: o que menciona oAMOR.
O caminho para o AMOR, no entanto, não é simples. No Tratado - e esta é uma leitura que, se feita na ordem dos capítulos é muito mais proveitosa - são dezesseis as virtudes intermediárias, que prometem mudar radicalmente a forma que pensamos nossas vidas, nossas atitudes.
fidelidade, por exemplo, é uma das "virtudes" tratadas por Sponville. É, para ele, o princípio das virtudes. "O amor infiel não é o amor livre: é o amor esquecediço, o amor renegado, o amor que esquece ou detesta o que o amor é, e que, portanto, se esquece ou se detesta".
Na primeira página do último, e mais belo capítulo do livro, Sponville diz: "O Amor é o próprio bem". E, ao longo de setenta páginas, nos pega pela mão para explicar o sublime ato de amar, a complementaridade entre virtude e dever, ao passo de sua mútua anulação: virtude é liberdade: dever é coerção. Sendo assim, quanto mais virtude, menos dever.  E quando há o amor, nem virtude, nem dever. A moral sai de campo, porque agora existe o sumo bem. Aquele que só leva ao caminho certo.